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SERIA NOSSA VIDA REGIDA POR MENTIRAS?

A primeira manifestação do mal relatada na Bíblia é a mentira. A serpente, consegue convencer a espécie humana de uma mentira, fazendo com que os incautos Adão e Eva, sejam vítimas da primeira fraude bíblica e segundo a própria Bíblia, da primeira mentira da história humana. Seria isso um acaso ou estaria contida nesse relato a sabedoria eterna dos mitos.


É simplesmente inegável que a MENTIRA, permeia nossa vida nos abordando e nos envolvendo cotidianamente. A questão é bastante grave por dois motivos: em primeiro lugar porque ser iludido por uma mentira pode nos causar sérios prejuízos, e em segundo lugar porque na maior parte das vezes nem nos damos conta que caímos numa cilada e, dessa forma, podemos permanecer enganados por muito tempo. Pode parecer pouco provável que possamos ser enganados com tanta frequência por mentiras de todos os tipos, mas somos, e com uma frequência maior do que possamos supor. Neste exato momento de nossas vidas, estamos, sem saber, cativos de mentiras e fraudes das quais amargamente viremos a nos dar conta num futuro próximo ou, pior ainda, num futuro ainda distante. É claro que muitas dessas fraudes são percebidas de forma quase que imediata como, por exemplo, os casos de golpes praticados, pela internet ou pessoalmente, com o objetivo de surrupiar algum dinheiro dos incautos. Quem nunca ouviu falar em casos de vendas fraudulentas em que se paga, mas não se recebe, ou de aplicações altamente rentáveis que, não mais que de repente, desaparecem do mapa. Mas não é desse tipo de fraude que trataremos aqui.



Existem fraudes muito mais destrutivas e prejudiciais do que aquelas que objetivam somente o furto de algum valor material definido. Há fraudes terríveis que incutem em nossa mente convicções, crenças e certezas mentirosas em sua essência, as quais, embora irracionais, ilógicas e absurdas, são de tal forma “enfiadas na cabeça” do indivíduo e, por vezes, de toda uma coletividade, que a vítima ou vítimas, não percebem que caíram numa armadilha por mais que se tente arrancá-las desse verdadeiro “transe hipnótico” de irracionalidade. É importante frisarmos aqui que nesse tipo de fraude, não se trata de mudar a opinião de alguém mostrando aspectos ou pontos de vista diferentes de uma questão, isso não seria uma fraude, mas trata-se de convencer o sujeito de algo absurdo, ilógico e completamente falso. O Exemplo mais inquestionável disso são as ideias que Joseph Goebbels – Ministro da propaganda nazista – conseguiu incutir na mente de quase toda uma nação, como a superioridade da raça ariana e a necessidade do espaço vital alemão; argumentos utilizados por Adolf Hitler para justificar sua marcha sobre a Europa e deflagrar o que se tornou a Segunda Grande Guerra Mundial. É atribuída ao próprio Hitler a afirmação de que as grandes massas cairão mais facilmente numa grande mentira do que numa mentirinha, e ainda que entre os historiadores pairem dúvidas sobre a autoria dessa afirmação, é fato incontestável que o conteúdo que a ela expressa foi utilizado com eficácia pela propaganda nazista.




Contudo, nem toda a mentira vem necessariamente de fora. Há a mentira forjada em nossa mente por falta de um olhar para dentro de nós mesmos, por falta de atenção aquilo que vem de nosso interior mais íntimo, de nossa alma. É muito provável que na vida de cada um de nós, existam mentiras servindo como princípios de vida, aos quais subordinamos decisões e atitudes, sem nos darmos conta do estrago que isso está nos causando. A falta de momentos de reflexão e de silêncio interior que possibilitem examinar e questionar com serenidade os verdadeiros pressupostos e objetivos da nossa vida, leva-nos a um viver automático e inconsciente. Passamos assim a adotar objetivos falsos, visto que são efêmeros e inconsistentes, e mesmo assim os abraçamos por mero imediatismo, ou seja, pela falta de uma visão mais ampla da realidade em que estamos mergulhados, adotamos um ponto de vista limitado ao atendimento de nossas necessidades de sobrevivência e de satisfação de instintos e ambições mesquinhas, muito aquém das aspirações para as quais nossos espíritos estão destinados.



Há de fato, atualmente, uma lacuna na percepção do que somos, de onde viemos, para onde vamos, e o que estamos fazendo sobre o planeta. Na verdade, essas questões nem ao menos são aventadas no dia a dia da maioria dos cidadãos modernos e isso é claramente uma deficiência circunstancial, visto que não é uma postura universalmente adotada. Se excursionarmos no espaço e no tempo pelas civilizações da terra, veremos a filosofia e as religiões presentes e atuantes nas culturas dos povos. Questões existenciais provocam os sábios, e os não tão sábios, desde tempos remotos. A busca da verdade sempre esteve presente, ainda que com distorções e manipulações provenientes da ganância de alguns e da ignorância de outros. Na ausência dessa busca o vácuo é preenchido com conteúdos supérfluos e efêmeros. Perde-se o verdadeiro e empolgante desafio da vida e surge o vazio existencial, triste e deprimente, para o espírito humano destinado ao trabalho da descoberta evolutiva. Limitar os objetivos de vida, à riqueza material, ao conforto e ao prazer, só seria um projeto racional e verdadeiro – ainda que triste – se a realidade fosse limitada ao plano material, instável e finito, o que é uma mentira que pode interessar de diversas maneiras ao mundo consumista/capitalista contemporâneo.




É nesse contexto que a revelação espírita codificada por Allan Kardec chega ao plano terrestre em meados do século XIX. Questões existenciais e filosóficas são iluminadas a partir de uma realidade espiritual, constatada, comprovada e demostrada, e da sua primazia causal sobre o mundo material. O ponto de vista da primazia espiritual, que até então foi aceita por muitos apenas como crença – e crenças podem ser perigosas se forem mentirosas – passa a ser desvendado, estudado racionalmente e posto à prova até mesmo pelo crivo científico.



As premissas de vida materialistas, portanto, mentirosas, são desmascaradas ou com a reflexão lúcida, sincera e compenetrada, ou com a falência das premissas materialistas que ocorre, por exemplo, na enfermidade grave ou no leito de morte. Roberto Shinyashiki, médico psiquiatra e conferencista de renome internacional, certa vez declarou numa entrevista a uma revista brasileira de grande circulação:



Quando era recém-formado em São Paulo, trabalhei em um hospital de pacientes terminais. Diariamente morriam nove ou dez pacientes. Eu sempre procurei conversar com eles na hora da morte. A maior parte pega o médico pela camisa e diz: “Doutor, não me deixe morrer. Eu me sacrifiquei a vida inteira, agora eu quero aproveitá-la e ser feliz”. Eu sentia uma dor enorme por não poder fazer nada.




Fica patente que esses pacientes se deram conta de terem vivido em função de mentiras, e que só no fim de uma existência enxergaram que não estavam sendo felizes. Perceberam que se sacrificaram a vida inteira por objetivos fugazes e mentirosos que nunca trouxeram felicidade. Em suma, fazer uma boa faculdade, conseguir um emprego de destaque, ter seu próprio e lucrativo negócio, ser um profissional bem-sucedido, ter um padrão de vida confortável e seguro são objetivos de vida falsos porque não satisfazem os anseios mais íntimos da alma humana, tão íntimos, que pela falta da busca interior e do autoenfrentamento ficam trancafiados no inconsciente de onde, vez em quando, envia-nos gritos de alerta sob a forma de melancolia tristeza e depressão. Até mesmo metas aparentemente nobres e elevadas como, encontrar um (a) parceiro (a), constituir uma família, ser um cidadão honesto e trabalhador, cuidar da saúde e viver de forma sóbria, são insuficientes para proporcionar uma vida gratificante se não incluírem a dimensão espiritual.



Winston Churchill, o famoso estadista e escritor britânico, primeiro-ministro do Reino Unido durante a Segunda Guerra Mundial, resumiu em três palavras toda a perplexidade de quem, às portas da morte, se sente enganado pela falsidade de crenças adotadas durante a vida: que tolo fui! E tolos seremos todos, se não reavaliarmos nossos pontos de vista e nossas crenças, pois até mesmo um vulto respeitável da história, repleto de realizações admiráveis, viu-se, no final da vida, como um tolo.

A mentira sempre nos acorrenta, e por mais que sejamos limitados e não consigamos açambarcar em nossa mente toda a plenitude e sentido de nossa existência, podemos, até onde formos capazes, levantar o véu da verdade e através da reflexão lúcida, sincera e compenetrada, nos libertarmos de premissas fraudulentas, o que nos trará a serenidade e a paz de quem vive sua realidade sem ter que arrastar o peso sufocante de mentiras pela jornada da vida. Isso é de fato libertador.

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